sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Não era pra ele entender ( exercício de conto)


O vi pela primeira vez na praça XIV, enquanto esperava a condução. Encostada na parada com os livros sobre o peito, em plena Avenida Nazaré,vi aquele rosto estranhamente familiar, de uma beleza leve e que me deixou um pouco nervosa. Vi que seus olhos eram claros e luzidios. Ali, naquele dia mesmo o conheci.


Ele tirou minha virgindade. Transamos no meu quarto, sob uma chuva fina de carnaval, enquanto minha família viajava para o sítio, uma penetração lenta e indolor, gostosa e calma, e pelo resto da madrugada ele ficou incansavelmente acariciando o meu corpo e venerando tudo, os peitos que eu julgava serem pequenos demais, a bunda que eu temia ser mole, meus pés tortos e detonados pelas aulas de dança, minhas pernas igualmente finas, eu tinha medo de como os homens julgariam meu corpo, isso me dava uma angustia e me limitava muito nos relacionamentos e ele me desmentiu logo na primeira noite de cama. Na primeira vez que fizemos sem camisinha eu estranhei aquela porra dentro de mim, esporeando o colo do meu útero, mas depois ele foi me conduzindo, até quando eu gozei; primeiro ele riu, mas depois me beijou muito e ficou acariciando as minhas costas, sentei-me sobre os meus tornozelos e ele viu aquilo escorrer, me sentindo ridícula, e disse Calma assim tu vai sujar todo a tua cama. Ele me trazia conforto, quando olhava pra mim demoradamente eu ficava nervosa e perguntava o que era ele apenas ria e dizia me beijar com os olhos, depois me levava pra passear. Um dia me pegou na faculdade de imprevisto e me levou a um lugar no alto de um morro, eu adorei a surpresa, e pediu que observasse as cores. Eu fiquei tão segura daquele cara ser meu e gostar de mim, então ele disse que aquilo era o que ele achava mais bonito em toda cidade. Dia desses estávamos num bar e passou uma menina vendendo flores, eu olhei aquilo e por um instante temi que ele me oferecesse, atitude que eu acharia estúpida, eu odeio essas cafonices e romantismos exagerados, mas não, quando ela se aproximou, ele recusou e disse mais: Eu espero que tu nunca esperes que eu te dê Rosas. Não éramos de todo iguais, gostávamos de bebidas diferentes, não concordávamos entre marcas de cerveja, autores, comidas; e cinema, nós gostávamos.

Essa liberdade de opiniões me seduzia, ele nunca me forçou a aceitar ou mudar uma questão minha, até quando chorei na frente dele batendo sobre os seus ombros com raiva, respeitava minhas mudanças bruscas de humor, minhas crises de ansiedade com total desenvoltura e me dizia sereno enquanto enxugava o meu rosto, sobre a toalha mais limpa, que não tinha mais essa ilusão romântica de achar alguém perfeito, que eu era uma pessoa normal e que nada iria deixá-lo triste naquele dia, então chorava mais, e ele me limpava com um gesto de lamber o meu rosto e engolir as minhas lagrimas, compartilhando minhas angustias com abraços calmos e duradouros। Um dia depois de brigarmos fui a uma festa e traí-lo, naquele momento tive uma chance de testar sua tolerância. Enquanto descrevia o enlace, a pista de dança, as caricias com o rapaz, ele disse estar excitado e nos beijamos e transamos a noite inteira e eu gostei. No dia seguinte disse achar natural o interesse fora do relacionamento, me beijou e disse estar tudo bem. Chegou um momento que essa tolerância me cansou, me convenci de que necessitava de um pouco de ódio, provocá-lo de modo brusco, mas não funcionou, ele aturou meus porres estridentes, meus berros na rua e respondeu a altura a todas as minhas indagações sem sentido. Daí resolvi terminar, mandei ele a merda e até nessa hora ele foi compreensivo, enquanto acendia o terceiro cigarro, me abraçou longamente e disse ir embora naquele momento, enquanto se levanta disse entender que seu amor incondicional me agredisse, mas que já não era a mesma pessoa, quando ele cruzou a porta eu corri e segurei-lhe os ombros ele virou-se e me deu um tapa no rosto, e até nessa hora ele foi aquilo que eu esperava. Mas não era para ninguém entender...




7 comentários:

Patricia Lio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Näo era pra ninguem entender.
Adorei o texto apesar de uns certos termos. Gosto de todos os seus escritos. Mas este em particular, me passa simplicidade e espontaneidade.
Vou esperar o resto da história.

Mayara La-Rocque. disse...

As paixões são de todos os séculos, e nunca são para se entender. O que me chamou mais atenção, foi todo o desenrolar de uma visão feminina muito bem representada. Gostei! ;)

Anônimo disse...

nossa como foi forte este seu conto!
uff perdi o fôlego

abraço,

D

Rodrigo Cruz disse...

Cara, eu tinha que comentar aqui... o teu blog é demais. A tua obra é encantadora. Abraço!

Anônimo disse...

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