terça-feira, 22 de julho de 2008

Suspensa


Minha amiga
passeia sobre a casa
com seu olhar primeiro,
com seu mistério amoroso,
suas chaves de ouro.


Desenho seu corpo em meu sono.
Limpo o sal de seu rosto
sobre a toalha mais limpa.
Sob verões, frutas e pedra
desenho seu traço
- um pássaro que aperfeiçoa o amor.


Minha amiga
permanece suspensa
na mesma tarde
em que o gesto imitou
a cor do amanhecer.


Na casa,
que penso ser minha,
meu coração abraça seu coração.


Um dia minha amiga não voltou.
Perguntei ao porteiro: a viste?
Ao PM: a viste?
Ao engarrafamento: a viste?
Ao trem que passa...


Ficaram o ouro da gaiola,
o bater das portas,
suas roupas espalhadas pela minha vida
sendo a minha própria e definitiva casa



7 comentários:

Anônimo disse...

What a great moment of reading blogs.

Anônimo disse...

por um momento te ouvi recitar esse poema (:
talvez eu fosse um passarinho que esteve em uma das suas caminhadas só pra te escutar..

ficou suspenso

Milena Marília disse...

Andréeeeee!!!
desculpe a ausência..é que ultimamente nem eu me encontro!
...
Belas palavras de roupas espalhadas...em sua, ou qualquer casa.
Bom finzinho de julho. Sol na testa!

Unknown disse...

Quanto amor nestas palavras....Feliz os abençoados com elas.. e o poeta que as concebeu..

Unknown disse...

vc sempre me emociona...
sinto sua voz imitando essa cor do amanhacer...
passei por aqui e me surprendi alegremente.

as vezes penso q vc é muito iluminado....
mil beijos

Carol Flores

Anônimo disse...

André
minha primeira visita aqui(e rápida tb) foi maravilhosa, fiquei supreso com o que li, pela vivacidade da poesia "a arte tem que encontrar a vida" (F F Coppola), "forte impulso de vida" diria Caetano.
Adorei!

Roberto disse...

parabéns pelas poesias, são maravilhosas. Abraços,